quinta-feira, 10 de setembro de 2009

FALAR OU FAZER?

Leonardo Silveira
Já chegou setembro. Os ventos primaveris sopram sobre nossa querência e, com eles, uma série de atrações para celebrar os feitos dos gaúchos. Estamos vivenciando um momento muito importante. É nessa época que voltamos a atenção para aquilo que temos de melhor, nossa cultura. É quando ao sairmos pelas ruas nos deparamos com gaúchos de bota, bombacha, lenço atado ao pescoço, chapéu e poncho. Deste último não se pode esquecer, nem mesmo no raiar de mais uma primavera, pois o tempo por aqui é traiçoeiro.
É neste contexto que, nas rodas de amigos, no contar de causos, no aconchego de um fogo de chão ou nas rodas de mate surge sempre uma exaltação aos feitos farroupilhas. O lembrar daqueles que marcaram este chão com seu próprio sangue, lutando bravamente por seus ideais e ajudando a construir aquilo que somos hoje. É bem verdade que falar em tradição e lembrar os feitos do passado é muito mais fácil do que fazê-la. Nisso há uma enorme diferença. Falar é fácil. Criticar, mais ainda. Transmitir através da oralidade os acontecimentos históricos é muito importante e disso não podemos olvidar. Porém, fazer  é complicado. A ação demanda tempo, recursos, disponibilidade, interesse. Ao acomodado é muito mais fácil entreter-se com os feitos do passado do que fazer parte do presente para um dia ser lembrado. E, o que é pior, além de enfrentar as críticas, aquele que age está tão propenso a um fracasso como a um sucesso. Lhe resta o consolo da tentativa.
Nossa cultura está em evidência na Semana Farroupilha e hoje já temos um produto cultural do qual podemos nos orgulhar. O Festival Nativista Baqueria de Los Piñares, que nasceu pequeno, como uma grande idéia, hoje caminha, infelizmente ainda a passos lentos, no sentido de vir a tornar-se no futuro um evento maior. É bem verdade que para isso acontecer existe a influência de vários fatores. O Festival não pode ser visto como uma festa exclusivamente musical. Precisa ser visto como nosso produto, aliás mais um, entre tantas atrações que Vacaria tem e pelas quais é lembrada. O Festival movimenta a economia, gera divisas, divulga e promove o local em que está inserido além de fomentar a cultura. O Festival não é de seus promotores, nem de seu apresentador. É da cidade, de todos os vacarianos. E estes tem a obrigação de apoiá-lo e divulgá-lo. Quando isso acontecer, todos os objetivos estarão sendo cumpridos e, com orgulho, poderemos lembrar um dia daqueles que tiveram a iniciativa de ousar, mesmo podendo ter insucesso.
A etapa municipal criada há três anos está conseguindo cumprir seus objetivos. Está revelando novos talentos, músicos e letristas, mas ainda deve ser mais valorizada. É preciso que os talentos latentes tenham mais carinho e atenção a esse momento, criado para incentivá-los. A partir daí teremos um crescimento musical em Vacaria o que possibilitará a melhora do nível das canções, que poderão disputar em igualdade de condições com os chamados “festivaleiros” a etapa regional, em outubro. Lembremo-nos de que nada nasce grande. Mas com persistência, dedicação e muito esforço, tudo é possível de ser conquistado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário